terça-feira, 31 de maio de 2011

Filosofia Política no Romance Arturiano em Portugal

«O ciclo bretão ou arturiano funda-se nas lendas bretãs do rei Artur (último rei dos Bretões) e dos seus cavaleiros contra os Anglo-Saxões. Todos eles se esforçam por descobrir a taça por onde Jesus bebera na última ceia (o Santo Graal), e reuniam-se em volta duma mesa redonda - a Távola Redonda.
As suas narrações são cheias de lirismo e nelas aparecem, como modelos de perfeito amor Lançarote e Galaaz.

O ciclo bretão foi o que maior repercussão teve em Portugal, talvez por se assemelhar ao espírito que prevalecia na nossa sociedade, numa época em que as aventuras bélicas e o manejo das armas constituíam a única preocupação digna de um nobre. Ser cavaleiro e combater ao lado do rei e dos grandes senhores era, então, a maior aspiração de um jovem pajem.
»
Alexandre C. Costa em Questões sobre a História da Literatura Portuguesa.

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Decorrerá no próximo dia 2 de Junho, pelas 17:30, nas instalações da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), uma comunicação do Professor Doutor José Carlos Miranda intitulada Filosofia Política no Romance Arturiano em Portugal. Promovido pelo Grupo de Investigação Raízes e Horizontes da Filosofia e Cultura em Portugal do Instituto de Filosofia da FLUP, esta apresentação integra-se no seu Ciclo de Conferências Filosofia e Literatura.
A entrada é livre e aberta a toda a comunidade.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Exposição individual de Daniel Gamelas na cidade da Guarda

«Uma ovelha para Trebopala e um porco para Laebo. Uma crinosa égua para Loimina. Uma ovelha de um ano para Trebaruna e um touro cobridor para Trebona.»
 Excerto de uma inscrição encontrada em Cabeço das Fráguas, Guarda.

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Intitulada Cerimónias matriarcais em nome das mais antigas divindades do Cabeço das Fráguas: Trebopala, Laebo, Trebaruna, a exposição individual de Daniel Gamelas, patente na Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda, entre 28 de Maio e 24 de Julho, é votada aos antigos cultos Lusitanos, cujos principais registos foram detectados naquela região e posteriormente estudados pelo nosso notável investigador José Leite de Vasconcelos, na sua monumental obra Religiões da Lusitânia
Não fosse já a qualidade do jovem escultor um motivo mais do que suficiente para merecer o nosso destaque à exposição, esta acresce ainda de importância em virtude das obras apresentadas constituírem um caso raro de representação escultórica das nossas antigas divindades. Convém salientar que apesar de relativamente estudado e conhecido, o panteão das divindades galaico-lusitanas foram raramente objecto de inspiração dos nossos poetas, escritores, músicos, pintores ou escultores, salvo raríssimas excepções. A preferência dada por estes à cultura greco-latina conduziu as divindades mitológicas dos nossos antepassados a um obscurantismo e esquecimento, combatido pelo esforço do trabalho de algumas pessoas, zelosas do nosso importante património cultural e identitário.
Deixámos por isso desta forma expressa a nossa proposta para no próximo Sábado, dia 28 de Maio, ou seja, fazer uma visita à cidade da Guarda e assistir à inauguração desta interessantíssima exposição que contará com a presença do próprio artista.

domingo, 22 de maio de 2011

O Pauzinho do Matrimónio

«Há quatro maneiras principais de foder, e vêm a ser: a foda a direito, ou a natural; a foda de lado; a foda por cima e a foda por detrás. Seja qual for a forma, a primeira condição para foder é da parte do homem ter tesão, da parte da mulher, o ser mulher, isto é, ter cono.»
Excerto de um texto anónimo do almanaque O Pauzinho do Matrimónio.

Capa da mais recente reedição do almanaque anónimo
O Pauzinho do Matrimónio.

Apesar do conhecido gosto que os autores portugueses sempre nutriram pelo humor, sátira, libertinagem e um certo erotismo de sabor porno-popular a roçar a boçalidade, nem sempre lhes foi possível desenvolverem livremente o seu exercício criativo. A questão dos costumes sempre foi bastante ambígua na sociedade portuguesa, não se podendo falar de uma crescente conquista na liberdade de criação longe dos olhares condenadores da censura, mas antes de diferentes períodos históricos caracterizados por mais ou menos abertura, tanto por parte da sociedade, como de instituições reguladoras e zeladores desses ditos costumes. Basta pensarmos em Gil Vicente ou no próprio Luís Vaz de Camões que, certamente, terão tido mais facilidade em abordar determinadas temáticas do que, por exemplo, Bocage, alguns séculos mais tarde.
Durante o séc. XIX persistiu-se numa tentativa de moralização institucional da sociedade, o que nem por isso desenfreou o imputo libertino dos nossos maiores. Verdade seja dita, o sexo sempre agradou aos portugueses. Atrever-nos-íamos mesmo a dizer que este quase nos agrada tanto como o próprio escândalo sexual, sendo a figura do "corno" altamente inspiradora, revelando-se um ingrediente obrigatório da nossa tão famigerada piada brejeira. Não obstante esta realidade transversal ao gosto das classes mais altas, assim como das mais baixas, grande parte dos autores preferiam por razões óbvias manter o seu anonimato, nascendo deste modo, na penumbra da semi-clandestinidade, obras como O Pauzinho do Matrimónio - Almanaque Perpétuo.
Esta obra surgiu no Portugal do séc. XIX, durante um período de crise em que o riso era uma importante arma para escapar à depressão em que a nossa sociedade se encontrava mergulhada. Como qualquer outro almanaque daquela época, O Pauzinho do Matrimónio incluía calendário, adágios, adivinhas, canções, contos, pequenos textos costumeiros e pseudocientíficos, distinguindo-se apenas das restantes publicações do género pela perenidade das matérias que versava. Com uma linguagem altamente crua e obscena, Rafael Bordalo Pinheiro associou-se anonimamente à sua publicação ilustrando, ao seu melhor estilo, esses brilhantes textos de vários autores incógnitos. O sucesso desta publicação foi grande, trazendo à tona a boa moralidade popular. Toda a gente criticava, mas toda a gente a lia e conhecia.
Este curioso almanaque foi recentemente reeditado pelas Edições Tinta-da-China, recuperando-se a memória desta importante obra do nosso séc. XIX, importantíssima para conhecermos um pouco melhor os caminhos traçados pela cultura popular e pelo humor português. De forma a deixarmos um pequeno cheirinho sobre o que encontrar e esperar de O Pauzinho do Matrimónio, resolvemos deixar algumas das suas ilustrações, criadas pelo grande Rafael Bordalo Pinheiro.

Ilustração de Rafael Bordalo Pinheiro referente à
capa da primeira edição do célebre almanaque 
O Pauzinho do Matrimónio.

Ilustração de Rafael Bordalo Pinheiro fazendo alusão
a um curioso rifão popular.

Ilustração caricatural da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro.

Outra ilustração de uma das muitas pequenas histórias incluídas no
derradeiro almanaque.

sábado, 21 de maio de 2011

Nova Casa Portuguesa no Facebook!

A Nova Casa Portuguesa já marca presença nas redes sociais.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Summa Techno(i)logicae: últimos exemplares

Anunciado neste espaço há cerca de seis meses, Summa Techno(i)logicae de Júlio Mendes Rodrigo traduziu-se em mais um sucesso de vendas da Negra Tinta Editorial. Praticamente esgotada nas lojas FNAC, os últimos exemplares desta obra encontram-se ainda disponíveis em alguns dos mais ilustres estabelecimentos comerciais da cidade do Porto, nomeadamente na Livraria Utopia, Livraria Lumière, Piranha, Louie Louie e Matéria Prima.
Recordámos que este livro conta com nota uma introdutória de Joaquim Amândio Santos e prefácio de José Almeida, reunindo um conjunto de dispersos do autor, produzidos ao longo de aproximadamente uma década, tocando áreas tão dispares como a historiografia, antropologia, psicanálise, arte, musicologia, cinema, literatura e crítica literária, cybercultura, metapolítica, religião ou esoterismo.

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Prolepse e o novo romance português

Logótipo oficial de Prolepse.

Nascido em meados de 2004 de um parto partilhado por duas cidades, Porto e Coimbra, Prolepse resulta da conjugação da criatividade do seu fundador e único elemento, Cérebro de Pão, com um forte espírito de Portugalidade, vivido, sentido e expressado numa perspectiva plenamente cultural e espiritual, avesso a quaisquer condicionantes infligidas pelo lamacento campo político. Pluridisciplinar, transversal e subversivo, este projecto abrange diferentes áreas artísticas, assumindo-se como um duplo do seu criador.
Musicalmente, Prolepse calcorreia um caminho algures situado entre a nossa música tradicional, a toada trovadoresca galaico-portuguesa, a electroacústica, o psicadelismo e a experimentação sonora, combinando magistralmente os ritmos viciantes da cultura popular com o som de vanguarda. A pesquisa e o empenho empregue na reabilitação e reinvenção do cancioneiro e romanceiro português é outros dos pontos que merece um particular destaque neste projecto que conta já com alguns trabalhos, apresentados em edições artesanais e personalizadas, todas elas esgotadas, bem como diversas participações em compilações, nacionais e internacionais.  
Apesar da música representar o principal veículo de expressão de Prolepse, torna-se inegável a sua simbiose com o desenho, ilustração, composição gráfica, vídeo e multimédia. Um projecto plural, uma âncora no presente estabelecendo uma ligação entre o passado e o futuro que, definitivamente, merece ser descoberto e partilhado.

Clara Lopes, um tema de Prolepse composto em 2006.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Futebol Português à conquista da Europa!

A Nova Casa Portuguesa não poderia deixar passar em claro a importante final da Liga Europa, referente à época desportiva de 2010-2011, disputada hoje em Dublin, na República da Irlanda. O desafio desta noite será, pela primeira vez na história das competições europeias de futebol entre clubes, disputado por duas equipas portuguesas, o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Braga
Gostaríamos assim de saudar este importante feito para o desporto português, desejando as melhores felicidades a ambas as equipas, esperando que o mundo inteiro possa assistir a um espectáculo digno, onde prevaleça acima de tudo a verdade desportiva. Celebra-se assim mais uma conquista do futebol nacional, festejando-se, independentemente do resultado, mais uma vitória portuguesa.
Uma última palavra dirigida também ao Sport Lisboa e Benfica que, após uma boa campanha na Liga Europa, não podendo haver uma final disputada entre os três clubes nacionais em competição, acabou por cair nas meias-finais da prova, diante da equipa bracarense.

Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Braga fizeram história ao tornarem-se nas
primeiras duas equipas a disputar uma final europeia exclusivamente portuguesa.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Um olhar sobre os trajes da mulher portuguesa (1ª parte)

Em tempos a Oliva, reconhecida marca portuguesa de máquinas de costura, patrocinou uma série coleccionável de postais referentes aos diferentes trajes existentes em Portugal e no Império Português. Com ilustrações da autoria de Laura Costa, estes cartões seguiram de perto uma padronização estética, etnográfica e folclórica nascida da Campanha de Bom Gosto de António Ferro, durante o período do Estado Novo. Não obstante esta reinvenção da identidade e das tradições, brilhantemente pensada e levada a cabo por António Ferro, não deixa de ser curiosa a forma como esta perspectiva sobre o nosso património cultural e etnográfico foi assimilada como parte integrante do ethos português.
Por razões de espaço optámos por partilhar apenas oito desses postais, publicando-se posteriormente os restantes sete que integram esta interessante colecção que aqui aproveitamos para dar a conhecer.

Algarve.

Alto Alentejo.

Baixo Alentejo.

Beira Alta.

Beira Baixa.

Beira Litoral.

Açores.

 África.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lançamento oficial do 2.º número da revista Finis Mundi

Conforme fora previamente anunciado neste mesmo espaço, encontra-se já disponível pela editora Antagonista o segundo número da Finis Mundi, revista de cultura e pensamento.
A oficialização do lançamento deste novo número está marcada para o próximo dia 21 de Maio, pelas 16h, no Hotel ibis Lisboa Saldanha, onde decorrerá uma apresentação subordinada ao Regresso do Elmo de D. Sebastião, levada a cabo pelo conhecido especialista de armas antigas, Rainer Daehnhardt
Esta será por certo uma excelente oportunidade para esclarecer alguns pontos relativos a um dos mais enigmáticos monarcas da nossa História, bem como para adquirir o mais recente número desta importante publicação cultural e científica. 

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sábado, 7 de maio de 2011

Cultura Entre Culturas nº3 (especial Fernando Pessoa)

Foi apresentado no passado dia 4 de Maio, durante o segundo dia do I Colóquio Internacional de Filosofia, Literatura e Psicanálise «Nietzsche, Pessoa e Freud», o último número da revista Cultura Entre Culturas. Inteiramente dedicado a Fernando Pessoa, lembrando-o ainda no âmbito dos 75 anos do seu desaparecimento, este número duplo destaca trabalhos realizados no âmbito dos estudos pessoanos, bem como alguns inéditos acompanhados por investigações complementares.
Lançada pela Âncora Editora, esta revista pode já ser adquirida nas melhores livrarias nacionais, bem como através do site da editora, estando ainda disponíveis alguns exemplares dos dois primeiros números.

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Editorial 
Fernando Pessoa
- Tanto Pessoa Entre tantos Pessoa

Ensaios

António Cândido Franco
- Sentido do dissídio entre Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa 
Paulo Borges
- A mensagem da Mensagem: “sem saber de ouvir ouvimos” ou de como a intencionalidade reduz a consciência 
Bruno Béu de Carvalho
- Fernando Pessoa e a saudade do presente – uma aproximação 
António Faria
- O “tempo” e os 35 sonetos de fernando pessoa (breves apontamentos)
João Marques Lopes
- Fernando Pessoa: da Mensagem à “elegia na sombra”

Dossier Pessoa: paralelas, tangentes e secantes 

Raquel Nobre Guerra
- Surrealismo místico em António Maria Lisboa e Fernando Pessoa transcendência, absoluto e subitaneidade
Luiz Pires dos Reys 
- Isso hoje único: erro próprio na navegação da mensagem da des’Hora - corolários de certos entrecampos de enMagi[n]ação do [i]Real em Fernando Pessoa e António Maria Lisboa

Fotografia | Poesia

António Ramos Rosa
- Desenho 
Gisela Ramos Rosa 
- Dos rostos 
António Cândido Franco 
- Isabel de Aragão
- Luiz Pacheco
Joana Serrado
- 2. Luttikhuizen
- Een demiurg (Um demiurgo)
- De afzinkbare brug (A ponte escorregadia) 
- Met de zuiderzoon vertrekken (Partir com o filho posto)  
Casimiro de Brito (de "Amar a Vida Inteira")
- Amo-te. basta-me um pássaro
- o jogo extremo dos amantes
- branco no branco, cantou
Ana F. Cravo
- e, ........................................é como um sol em passos 
Dirk Hennrich
- Linha de Cascais
Frederico Mira George
- 4 poemas de: «satã» 2º parte - «demon est Deus inverse»
Maurícia Teles da Silva
- Dez  asanas  em  louvor da Terra
Abdul Cadre
- Mensagem psicoplágica
- A saudade e a memória (Ou como os olhos ficam e as velas partem)
 Donis de Frol Guilhade
- Olor de lys  
- Esplende além tejo o que silente brota (furores em como espelho oco : ecos, como de Char) 
- As sete incan-descentes palavras de um lugar[-in]comum - e mais uma, fora do [sem]lugar 
- Abóbada lysa ~ crematório dos passos inúteis 
Mariis Capela
(“Desde a obscuridade de tudo que tudo é inocente”)   
Fernando Pessoa
-Quatro poemas tirados a esmo e atirados ao desa’rumo: mais “o vento lá fora”…

Caderno Pessoa | i n é d i t o s

Fabrizio Boscaglia
- Khayyām na obra e na biblioteca de Pessoa: entre poesia, filosofia e ecos de sabedoria Sufi  
Jerónimo Pizarro, Patricio Ferrari, Antonio Cardiello
- Os Orientes de Fernando Pessoa   
Cláudia Souza
- Vicente Guedes e Bernardo Soares: para além do Desasocego
Nuno Filipe Ribeiro
- «Tive em mim milhares de filosofias» - questões para a edição dos escritos filosóficos inéditos de Pessoa 

Sobre Pessoa | Outras vozes: d’além

Ciprian Valcan
- Os sonhos de Bernardo Soares 
Julia Alonso Dieguez
- Fernando Pessoa y José Angel Valente: una poética de la ausencia 
Pablo Javier Pérez lópez
- Metafísica y locura en fernando pessoa 

Sobre Pessoa | Outras vozes: d’aqui

José Almeida
- Emoção e racionalidade em «A Educação do Estóico»   
Joaquim Miguel Patrício
- Uma perspectiva pessoana e actualista da língua portuguesa  

Outras | Artes : outras vozes outros textos

Inês do Carmo Borges
- Os labirintos quinhentistas do Trattato di Architettura de Filarete e a imagem dual do arquitecto-prisioneiro em Fernando Pessoa  
Pedro Casteleiro
- De amor e desamor(e outros indícios)
Luiz Pires dos Reys
- Mar y pousa de mim: janus sustenido menor

Colaboradores | notas bio-bibliográficas

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Captassons", um retrato sobre memórias musicais!

Estará patente ao público de 7 a 14 de Maio, no espaço Mercado Negro, em Aveiro, uma mostra fotográfica de Ângelo Fernandes intitulada Captassons: fracções de segundo de concertos
Confesso musicodependente desde tenra idade, Ângelo Fernandes, tem vindo ao longo dos anos a captar imagens de concertos, documentando fotograficamente uma memória e percepção do momento musical de uma forma bastante pessoal. 
Esta exposição nasce do seguimento dessa experiência exploratória, assim como da sua colaboração com o CLIP (suplemento cultural do Diário de Aveiro), iniciada em meados de 2007. A entrada é livre. 

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terça-feira, 3 de maio de 2011

Sessão de leitura de inéditos pessoanos

A Casa Fernando Pessoa promove, no âmbito do I Colóquio Internacional de Filosofia, Literatura e Psicanálise, subordinado à temática «Nietzsche, Pessoa e Freud», organizado pelo Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Centro de História da Cultura da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, uma sessão de leitura de alguns inéditos pessoanos que contará com a participação de Paulo Borges, Manuela Parreira da Silva e Lélia Parreira Duarte.
Esta sessão decorrerá no próximo dia 6 de Maio de 2011, entre as 11h e as 13h, nas instalações da Casa Fernando Pessoa. A entrada é livre.

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domingo, 1 de maio de 2011

A Festa das Maias

«É curioso o interesse e o sentimento com que quase todos os habitantes desta freguesia, grandes e pequenos, têm em colocar as maias nas suas casas, em todas as portas, janelas e até nos quintais, sementeiras e aidos de gado e capoeiras.
Diz a crença popular que as maias, isto é, flores de giesta, colocadas nas habitações, significam os sinais postos ao longo do caminho para que Nossa Senhora não se enganasse, aquando da sua fuga para o Egipto com o Menino Deus.
Diz mais: na casa que não tenha maias colocadas ao entrar o mês de Maio, o Diabo sujará tudo, além de outros estragos.
Antigamente cantavam-se as Maias como ainda hoje se cantam as Janeiras.
Diz Teófilo Braga, em Epopeias dos Povos Moçárabes, que este velhíssimo costume é o que resta do antiquíssimo culto do Odin (festa nocturna dos espíritos) dos povos do Norte, que Carlos Magno e os concílios católicos abafaram. O povo, porém, conservou vestígios desse antiquíssimo culto do paganismo.
»
Joaquim Neves dos Santos em Guifões: notas Arqueológicas, Históricas e Etnográficas.

Gravura alusiva à Festa das Maias.

Disseminada por praticamente todo o território nacional, a velha tradição das maias parece milagrosamente resistir aos ventos do mundo moderno, mesmo no coração dos maiores centros urbanos de Portugal, num raro exemplo perenidade, revelando de que modo um traço cultural e espiritual primordial se pode perpetuar no inconsciente colectivo de um povo.
A origem desde arcano costume perde-se nos alvores da História de um Extremo Ocidente pré-Portugal de costumes bárbaros. Como tantas outras festividades ou celebrações pagãs integradas no nosso imaginário imaterial e espiritual, a Festa das Maias assume variadíssimas formas, demonstrando uma heterogeneidade notável na nossa vivência do mito. Ligadas a cultos ancestrais de fertilidade, as maias, giestas bravas de cor amarelada que abundam sobretudo durante a primavera, foram posteriormente assimiladas pelo cristianismo, graças à virtude da heterodoxia espiritual do Homem Português.
Vemos por isso, na primeira madrugada de Maio, penduradas nas portas e janelas das casas e automóveis as tão famosas plantas, símbolo de favoráveis e fecundos auspícios, mas sobretudo de protecção.