segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Colóquio: O Estado das Direitas

«Não existe “uma pessoa de direita” visto não existir “uma direita” mas “muitas direitas”.  (...) Em relação ao Estado, há direitas que apelam à centralidade do Estado entendido como comunidade politicamente organizada, mas há também direitas que advogam o Estado mínimo em nome da defesa e primazia do indivíduo face à comunidade.»
Riccardo Marchi  em entrevista à plataforma Dissidente.info.

Radicado em Portugal há já alguns anos, o investigador Riccardo Marchi, autor dos livros Folhas Ultras e Império, Nação Revolução, tem vindo a estudar o fenómeno das direitas em Portugal, destacando-se pelo pioneirismo dos seus trabalhos, sensíveis não só ao lado político, mas também às perspectivas mais históricas, filosóficas e culturais, preenchendo deste modo uma enorme lacuna da academia portuguesa pós-25 de Abril.
Assim, no seguimento do anterior colóquio As raízes profundas não gelam?, Riccardo Marchi promove agora um outro encontro intitulado O Estado das Direitas, a realizar-se em Lisboa, nos próximos dias 1 e 2 de Fevereiro, entre as 10:00 e as 17:00, nas instalações do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).
A entrada é livre e aberta a toda a comunidade. 

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Trova dor (lembrando Couto Viana no aniversário do seu nascimento)

Couto Viana (24 de Janeiro de 1923 - 8 de Junho de 2010)
conforme uma ilustração de Afonso Cruz.

Trova dor

Ciência inútil e cega!
Os homens chegam à lua,
Mas a minha mão não chega
À tua!

Ai, se as duas se encontrassem,
Como manda o coração,
Talvez os homens voassem
Neste chão.

Ciência, que mais importa:
A poeira poluída
Da lua morta,
Ou nossas mãos que são vida?

António Manuel Couto Viana em Pátria Exausta.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lisboa casta Princesa, Rainha das Cidades Europeias em 2012

«Diz La Martinière, no seu dicionário Geográfico:
"A tradição afirma que Ulisses, depois da destruição de Tróia, viera a estes distritos e que lançara os primeiros fundamentos de Lisboa, que se ficou chamando Ulissipone, ou Ulissipo ou mesmo Olissipo: mas pode ser que a parecença de nomes ocasionasse essa opinião. Com efeito além de ser difícil provar que Ulisses saíra do Mediterrâneo, o verdadeiro nome da cidade não era nenhum daqueles, mas sim Olissipo, como se vê de uma inscrição achada em Lisboa. " - Ainda hoje esta tradição medieval é corrente entre os fadistas, há bastantes cantigas jocosas a Ulisses, como fundador de Lisboa.
»
Teófilo Braga em Contos Tradicionais do Povo Português (Vol. II).

Lisboa representada numa gravura do séc. XVII.

Seja qual for a origem histórica da velha capital do Império Português, pesará sempre sobre ela a imensa carga mitológica conferida pela aura de Ulisses, esse herói grego, a quem a tradição atribui a sua fundação.
Não podemos porém negligenciar a maternidade civilizacional, tanto espiritual como concreta, da nossa cidade de Lisboa. Dela partiram as naus e caravelas portuguesas responsáveis pelo desbravamento do mundo, destruindo velhos mitos e medos que assombravam o consciente inconsciente do Homem, imortalizando a glória da nossa terra e a têmpera das nossas gentes.
Séculos de História, nos quais a urbe olisiponense se converteu, entre outras coisas, no centro do mundo, fizeram de Lisboa a verdadeira cidade da luz, não obstante a atribuição deste epíteto à capital francesa mas, como nos perdoarão os franceses e em particular os parisienses, sem qualquer fundamento, literal ou metafórico, quando mergulhemos nas mais antigas e profundas raízes históricas, culturais, espirituais e mitológicas da nossa capital.
Lisboa foi e é ainda hoje pioneira em variados aspectos, revelando na sua beleza material um toque de Midas no que concerne às mais belas manifestações da actividade transformadora do meio pelo ser humano. Tendo acompanhado sempre os desenvolvimentos urbanísticos e arquitectónicos, na medida do possível face às naturais restrições impostas pela malha urbana que a compõe, Lisboa figurou sempre a neste nível como uma das mais belas e influentes capitais do mundo. Esse factor conduziu à sua distinção com o título de European City of the Year 2012, atribuído em Novembro de 2011 pela Academy of Urbanism.
Façamos por isso jus ao nosso título, mostrando também através do nosso turismo o mérito das nossas conquistas, assim como a importância universal da nossa missão.

Lisboa, casta Princesa, numa versão com arranjos orquestrais do maestro
Joaquim Luís Gomes.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Colecção "Rainhas de Portugal"

A recensão hoje aqui apresentada não é nova, tendo sido publicada na edição de 8 de Novembro de 2011 do semanário O Diabo. Contudo, parece-nos ainda pertinente partilhá-la tendo em conta a natureza do conjunto de obras que compõem a respectiva colecção em revista. Trata-se de Rainhas de Portugal, uma série monográfica pioneira da nossa Historiografia, nascida do anterior sucesso editorial do Circulo de Leitores, intitulado Reis de Portugal. São 18 volumes, correspondentes a 32 biografias inéditas, escritas de raiz, que prometem dar a conhecer o lado feminino da História de Portugal.
Aproveitamos apenas para ressalvar o triste facto, ressalvado por José Almeida nesta recensão, referente à adopção do (des)acordo ortográfico, tristemente abraçado pela editora responsável pela publicação desde conjunto de obras. Uma colecção a ler, mas sobre protesto!  

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Treze gestos, um corpo e uma coreografia numa Sexta-Feira 13

Numa sociedade constituída por um crescente número de cépticos, ateus e descrentes em qualquer tipo de misticismo ou manifestação do divino, não deixa de ser curiosa a "folclórica" fobia que muitas pessoas revelam no seu inconsciente colectivo através da valorização absurda de velhas e novas superstições. Tudo isto revela no fundo a necessidade de reencontrar o mito, o sagrado ou o sobrenatural, cuja falta o ser humano não consegue suprir. 
Dentro de todas as superstições latentes no mundo moderno, podemos enfatizar a crença na maldição do número 13, suposto portador de má sorte e desfortúnio. Poucas pessoas saberão a origem dessa crença, associada à prisão dos templários em França, na Sexta-Feira de 13 de Outubro de 1307, ou da suposta maldição lançada pelo mestre templário Jacques de Molay, meses mais tarde aquando da sua execução.
Nos dias de hoje, o mundo artístico, em particular no teatro e na dança, determinadas superstições figuram como defeitos profissionais necessários a uma classe profissional. Do habitual «muita merda» ou «parte uma perna», até às histerias ligadas à fobia numerológica do referido número, muitas são as superstições, medos e pequenos rituais praticamente laicos que assombram a vida desses artistas, assim como as muitas outras pessoas. Foi no entanto a pensar nesses artistas e respectivas superstições que nos recordamos do bailado Treze gestos de um corpo, numa mera associação de números, desprovida de qualquer fundo ou significado esotérico ou hermético.
Treze gestos de um corpo é o nome de uma coreografia criada por Olga Roriz, uma das figuras mais proeminentes da dança contemporânea portuguesa, para o saudoso Ballet Gulbenkian, hoje infelizmente extinto. A sua première decorreu na cidade de Lisboa, a 25 de Março de 1987, numa interpretação do Ballet Gulbenkian que haveria de marcar a história da dança contemporânea Portugal. Vinte anos depois, a mesma peça foi novamente levada aos palcos portugueses, a 8 de Março de 2007, desta feita pela CNB (Companhia Nacional de Bailado).
A música desta coreografia foi composta pelo nosso caríssimo António Emiliano, compositor e académico, Professor de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, autor de diversos livros contestatários do (des)acordo ortográfico.
De forma a marcar esta Sexta-Feira 13 de pouco ou nenhum azar, partilhamos o seguinte vídeo com alguns excertos de Treze gestos de um corpo.


Vídeo de apresentação de Treze gestos de um corpo, da coreografa
Olga Roriz, aquando da sua interpretação pela CNB em 2007.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ciclo Internacional de Conferências «Pessoa na Actualidade»

«Organiza a tua vida como uma obra literária, pondo nela toda a unidade que for possível.»
Fernando Pessoa (Esp. 28-43).


Conclui-se este mês o Ciclo Internacional de Conferências «Pessoa na Actualidade», iniciado em Dezembro passado na Casa Fernando Pessoa. Organizado por Paulo Borges, Nuno Ribeiro e Cláudia Souza, este conjunto de encontros visa levar à Casa Fernando Pessoa alguns jovens investigadores pessoanos, nacionais e estrangeiros, dando deste modo a conhecer o estado da arte face ao estudo do pensamento e obra do poeta, escritor e pensador português.
Todas as sessões tem início às 18:30, sendo a entrada livre a todos os potenciais interessados.

Programa das sessões de 25, 26 e 27 de Janeiro de 2012

25 de Janeiro
- Dirk-Michael Hennrich (Alemanha) - Hölderlin e Pessoa e a pergunta pelo fundamento da consciência.
- Rui Lopo (Portugal) – Fernando Pessoa e Raul Leal: Amigos da Vertigem.

26 de Janeiro
- Daniel Moreira Duarte (Portugal) - O «ideal ascético» e a «ceifeira».
- José Almeida (Portugal) - Fernando Pessoa e a Tradição Hermética.
- Bruno Béu (Portugal) - Isto não é isso - o discurso tautológico como procedimento apofático na poesia de Alberto Caeiro.

27 de Janeiro
- Teresa Rita Lopes (palestra de encerramento).

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Colóquio Mário Saa: Poeta e Pensador da Razão Matemática

«Cada qual transporta à mão o infinitamente longínquo.»
Mário Saa em Evangelho de S. Vito

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Realiza-se nos próximos dias 20 e 21 de Janeiro o Colóquio Mário Saa: Poeta e Pensador da Razão Matemática (nos 40 anos da sua morte). Organizado pelo CEFi ‑ Centro de Estudos de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em parceria com a Fundação Arquivo Paes Teles (Ervedal – Avis), Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, Fundação António Quadros, Associação dos Amigos do Concelho de Aviz e a Câmara Municipal de Avis, este encontro visa lembrar e promover o pensamento e obra de uma figura incontornável da cultura portuguesa do século XX.
Encontrando-se este colóquio distribuído geograficamente por dois espaços, informamos que o primeiro dia de trabalhos decorrerá nas instalações da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, sendo posteriormente encerrado no dia seguinte na Fundação Arquivo Paes Teles, em Ervedal, concelho de Avis.
A entrada é livre e aberta a toda a comunidade.

Programa do colóquio

Dia 20 de Janeiro - Universidade Católica Portuguesa (Lisboa) - Anfiteatro 2

09:00 – Recepção dos participantes
09:30 – Abertura do Colóquio / Autoridades

10:15 – Nuno Júdice (conferência de abertura) - A Razão do Poema em Mário Saa

10:45 – Coffee break

11:00 – João Rui de Sousa, Da Athena à Presença - Um Decénio Fulcral na Obra Literária de Mário Saa
11:30 – André Carneiro - Leite de Vasconcelos e Mário Saa: Notas para uma influência tutelar
12:00 – Elisabete Pereira e Filipe Themudo Barata - Metropolitismo Galaico-Português: Memórias de um movimento associativo intelectual na Fundação Arquivo Paes Teles (Ervedal) 

12:45/13:45 – Almoço

14:00 – Joaquim Domingues - Mário Saa, hermeneuta da História de Portugal
14:30 – Américo Enes Monteiro - Mário Saa, leitor atento da obra de Nietzsche
15:00 – José Carlos Pereira - Ideias Estéticas de Mário Saa 
15:30 – Pinharanda Gomes - As Memórias Astrológicas de Camões: Uma leitura aligeirada

16:00 – Coffee break

16:15 – António Braz Teixeira - Elementos para uma introdução ao pensamento de Mário Saa
17:15 – Renato Epifânio - Entre Mário Saa e José Marinho: O pensar aforístico e o dizer poético
17:45 – Manuel Cândido Pimentel - Infinito e Infinitismo em Mário Saa

18:30 – Encerramento do Colóquio (em Lisboa)

Dia 21 de Janeiro - Fundação Arquivo Paes Teles (Ervedal - Avis) 

15:00 – Manuel Ferreira Patrício (conferência de abertura) - A presença de Nietzsche na mundividência filosófica de Mário Saa

16:00 – Filipe Themudo Barata - Percursos pessoais e trilhos institucionais

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

XVII Festa do Livro da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda volta a organizar este ano, a sua habitual Festa do Livro. São mais de 20 mil títulos, de aproximadamente 150 editoras nacionais e estrangeiras, apresentando muitos destes livros um desconto superior a 50% sobre o seu preço de mercado, por serem edições com mais de 18 meses e, por isso, não abrangidos pela lei do preço-fixo. 
Este certame, que vai já na sua 17.ª edição, inicia-se hoje e prolonga-se até ao próximo dia 29 de Janeiro, estando o horário de funcionamento estipulado entre as 13h00 e as 20h00.
A entrada é livre.

XVII Festa do Livro da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sobre a República e a Maçonaria...

O filme é francês e a legenda está em inglês, porém a mensagem é claramente universal.
Para quem só agora se apercebeu da força e peso da Maçonaria na nossa História, em particular após a implantação da República em 1910, é sinal que andou claramente a dormir. A essas pessoas, sejam bem-vindas ao lado real da conspiração! Vocês são os modestos peões do grande tabuleiro de xadrez maçónico!

Imagem retirada do filme Forces occultes de 1943.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Cantemos as janeiras!

Contra todas as previsões de um 2012 bastante complicado, a Nova Casa Portuguesa faz votos de um Bom Ano, cheio de alegria e esperança, desejando a todos os seus amigos e visitantes muita saúde, sucesso e felicidade.
Entretanto, como que a saudar o Novo Ano, cantemos as janeiras, segundo a melhor tradição portuguesa. 

Natal dos simples

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos 
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

Natal dos Simples, interpretado por José Afonso no álbum 
Cantares do Andarilho.