quarta-feira, 27 de junho de 2012

Recordar Olivença em dia de Portugal-Espanha

Há muito que a questão de Olivença se tornou um tabu para a classe política nacional e uma miragem na nossa agenda política internacional. A par de Gibraltar, ocupado pelo Reino Unido, Olivença constitui outro imbróglio diplomático para a vizinha Espanha. Território reclamado legitimamente por Portugal desde a derrota da França napoleónica, de quem a Espanha era aliada, Olivença tem desde há dois séculos recebido uma série de manifestações, que visam criticar e alertar a opinião pública para este problema. Assim, no seguimento de uma série de pequenos filmes publicitários promovidos pela cadeia de hipermercados Continente que procurava provocar os adversários portugueses em véspera dos jogos do Europeu de Futebol, surgiu um outro vídeo, em vésperas de um Portugal-Espanha, aludindo à questão de Olivença, causando algum mau estar entre nuestros hermanos.
Trata-se de uma forma inteligente de passar de um subliminar uma importante mensagem de alerta, aparentemente esquecida pelas gerações mais novas.

Vídeo publicitário da rede de hipermercados Continente.

sábado, 23 de junho de 2012

Os 90 anos da 1.ª Travessia Aérea do Atlântico Sul

No passado dia 17 de Julho cumpriram-se os primeiros 90 anos sobre a 1.ª Travessia Aérea do Atlântico Sul. Esse importante feito, perpetrado pelos dois heróis-aventureiros Gago Coutinho e Sacadura Cabral, representa mais um importante contributo português para o desenvolvimento da comunidade cientifica mundial, tendo os relatórios desta viagem sido incluídos em 2011 na Memória do Mundo da UNESCO como Património da Humanidade.   
Na última edição do semanário O Diabo, Eduardo Brito Coelho recordou a efeméride, prestando uma justa homenagem à memória destes dois grandes portugueses, heróis do mar, da terra e dos céus. Um apaixonante artigo a ler com atenção e reverência pela sua mensagem: Honrar os Heróis! 

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Para uma nova "filosofia do martelo"...

Alguém no Porto resolveu, e bem, reconduzir novamente a discussão política ao espaço-público. 

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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O (des)acordo ortográfico visto do lado de lá do Atlântico!

Ao contrário do que muita gente ainda pensa, o (des)acordo ortográfico em nada aproxima o português do Brasil do português europeu, usado em Portugal e nos restantes países de expressão lusófona. A origem deste documento há muito que foi denunciada como uma fraude mafiosa, extremamente perigosa para ambas as formas de expressão da Língua Portuguesa. O seu fim último almeja única e exclusivamente o enriquecimento criminoso de alguns grupos económicos, cujo peso e poder lhes permitiu comprar um punhado de políticos mercenários analfabetos mal intencionados. Felizmente, Portugal e os Portugueses têm vindo a acordar e despertar para este verdadeiro genocídio cultural, conforme têm vindo a ser noticiado em alguns meios de comunicação. 
Mas não é só em Portugal que as vozes contra o (des)acordo se fazem ouvir. Também em Angola e Moçambique, a oposição é feroz, sendo que essas duas nações africanas não assinaram sequer o malfadado documento. Outra coisa que grande parte dos portugueses também desconhece é o facto dos próprios brasileiros contestarem a imposição de uma nova grafia, com alterações substanciais ao próprio tratamento que dão à língua. 
Numa entrevista ao blogue Tantas Páginas, o brasileiro Paulo Franchetti, crítico literário, escritor e professor titular do Departamento de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi bastante peremptório quando questionado acerca da sua opinião acerca do (des)acordo ortográfico.
«O acordo ortográfico é um aleijão. Linguisticamente malfeito, politicamente mal pensado, socialmente mal justificado e finalmente mal implementado. Foi conduzido, aqui no Brasil, de modo palaciano: a universidade não foi consultada, nem teve participação nos debates (se é que houve debates além dos que talvez ocorram durante o chá da tarde na Academia Brasileira de Letras), e o governo apressadamente o impôs como lei, fazendo com que um acordo para unificar a ortografia vigorasse apenas aqui, antes de vigorar em Portugal. O resultado foi uma norma cheia de buracos e defeitos, de eficácia duvidosa. Não sei a quem o acordo interessa de fato. A ortografia brasileira não será igual à portuguesa. Nem mesmo, agora, a ortografia em cada um dos países será unificada, pois a possibilidade de grafias duplas permite inclusive a construção de híbridos. E se os livros brasileiros não entram em Portugal (e vice-versa) não é por conta da ortografia, mas de barreiras burocráticas e problemas de câmbio que tornam os livros ainda mais caros do que já são no país de origem. E duvido que a ortografia seja uma barreira comercial maior do que a sintaxe e o ai-meu-deus da colocação pronominal. Mas o acordo interessa, é claro, a gente poderosa. Ou não teria sido implementado contra tudo e todos. No Brasil, creio que sobretudo interessa às grandes editoras que publicam dicionários e livros de referência, bem como didáticos. Se cada casa brasileira que tem um exemplar do Houaiss, por exemplo, adquirir um novo, dada a obsolescência do que possui, não há dúvida que haverá benefícios comerciais para a editora e para a Fundação Houaiss – Antonio Houaiss, como se sabe, foi um dos idealizadores e o maior negociador do acordo. O mesmo vale para os autores de gramáticas e livros didáticos – entre os quais se encontram também outros entusiastas da nova ortografia. E não é de espantar que tenham sido justamente esses – e não os linguistas e filólogos vinculados à universidade – os que elaboraram o texto e os termos do acordo. Nem vale a pena referir mais uma vez o custo social de tal negócio: treinamento de docentes, obsolescência súbita de material didático adquirido pelas famílias, adequação de programas de computador, cursos necessários para aprender as abstrusas regras do hífen e outras miuçalhas. De meu ponto de vista, o acordo só interessa a uns poucos e nada à nação brasileira, como um todo. Já Portugal deu uma prova inequívoca de fraqueza ao se submeter ao interesse localista brasileiro, apesar da oposição muito forte de notáveis intelectuais, que, muito mais do que aqui, argumentaram com brilho contra o texto e os objetivos (ou falta de objetivos legítimos) do acordo.»
Paulo Franchetti. 

domingo, 17 de junho de 2012

Vasco Graça Moura e a Língua Portuguesa no cinquentenário da sua actividade literária

O poeta, tradutor e ensaísta Vasco Graça Moura conciliou desde sempre a vida literária e cultural com a intervenção política e cívica. Encontrando-se este ano a celebrar o cinquentenário da sua actividade literária, foi entrevistado pelo jornalista Nuno Moura Brás da Antena 1, tendo falado da Língua Portuguesa, revelando as exigências da escrita e explicando por que razão se assume contra o (des)acordo ortográfico.
Uma entrevista a não perder.


Entrevista a Vasco Graça Moura transmitida pela Antena 1
a 11 de Junho de 2012.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Município da Covilhã rejeita o (des)acordo ortográfico

A Câmara Municipal da Covilhã publicou hoje, no sítio do município, a notícia da decisão de revogar o (des)acordo ortográfico em toda a sua correspondência oficial e entidades agregadas. Esta determinação, bem fundamentada e explicada em comunicado oficial, representa uma importante vitória na luta pela defesa do património linguístico português.
A Nova Casa Portuguesa não podia deixar de saudar o Exmo. Sr. Presidente da Câmara da Covilhã pela sábia e consciente decisão de revogar o abjecto e criminoso (des)acordo ortográfico! Em nome de todos os Portugueses que amam a sua Língua e Cultura, muito obrigado pela coragem e exemplo demonstrados nesta decisão! 
Aos poucos a vitória será da Língua Portuguesa, sendo a derrota total justamente infligida aos que, por obscuros desígnios, a procuraram abastardar!

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quarta-feira, 13 de junho de 2012

± Portugal 1143-2012 ± Cap. I - Aviso

Num Portugal doente, (des)iludido com os supostos valores patrióticos fantasiados em torno de uma selecção de futebol, existe ainda quem se mantenha vigilante, procurando a cada momento fazer-nos lembrar que não somos um corpo feito cadáver que insiste em procriar, mas sim os filhos ausentes de uma Pátria que nos chama, ansiando pelo resgate de uma Glória antiga. Os verdadeiros artistas procuram despertar-nos. Resta-nos apenas querer despertar.

± PORTUGAL 1143-2012 ± Cap. I - Aviso, realizado no âmbito da residência
artística ON.OFF, Guimarães 2012 Capital Europeia Cultura, em Maio 2012.

terça-feira, 12 de junho de 2012

II Festival Internacional de Polifonia Portuguesa

«O conhecimento que hoje possuímos sobre o passado musical em Portugal é-nos transmitido, em grande medida, por um conjunto razoável de fontes de ordem diversa - documentais, literárias, musicais, iconográficas, inventários. Embora as informações fornecidas por muitas dessas fontes históricas nos permitam inferir a existência de uma vida musical profícua em Portugal, essas mesmas informações, nem sempre se vêm reflectidas nas fontes musicais que nos chegaram. De facto, e apesar de muitas não terem resistido às diferentes adversidades históricas, tendo-se por isso perdido irremediavelmente, podemos encontrar hoje em muitos arquivos portugueses um valioso património musical.»

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Conforme é sabido, a polifonia portuguesa constitui um dos principais contributos da cultura lusíada à música ocidental. Tendo Portugal sido em tempos um dos principais centros de cultura da Europa, exportando para os quatro cantos do mundo o seu portentoso legado artístico, cabe-nos hoje a nós resgatar essa importante parte da nossa herança histórica, preservando-a, estudando-a e promovendo-a. 
Chamando a si parte dessa responsabilidade, a Fundação Cupertino de Miranda organiza, através da Cappella Musical Cupertino de Miranda, de 13 a 17 de Junho e de 21 a 24 de Junho, o II Festival Internacional de Polifonia Portuguesa. De natureza itinerante, tal como na primeira edição, este festival passará por Santo Tirso (Igreja Matriz, Mosteiro de São Bento), Maia (Igreja Mosteiro do Divino Salvador de Moreira), Braga (Sé, Mosteiro de Tibães e Bom Jesus), Amarante (Igreja de S. Gonçalo), Viana do Castelo (Igreja de S. Domingos), Santiago de Compostela (San Martín Pinario), Barcelos (Igreja Beneditina da Nossa Senhora do Terço), Ponte de Lima (Igreja da Ordem Terceira de São Francisco), Vila Nova de Famalição (Igreja de Santa Maria de Landim) e Guimarães (Igreja de Nossa Senhora de Oliveira). 
Sob a direcção artística de Luís Toscano a programação deste II Festival Internacional de Polifonia Portuguesa incluirá obras de Pedro do Porto (c.1465-c.1535), Pedro de Cristo (c.1550-1618), Duarte Lobo (c.1565-1646), Pedro de Araújo (c.1615-1695), entre outros reputados compositores.
Paralelamente aos espectáculos musicais, haverá ainda lugar para um seminário associado ao programa do festival, integrado nas comemorações dos 200 anos do Santuário do Bom Jesus de Braga. Intitulado O Barroco e a Polifonia em Portugal, este seminário terá lugar no dia 17 de Junho, pelas 17:00, na Sacristia da Igreja do Bom Jesus de Braga, contando com as ilustres participações dos Professores José Manuel Tedim, José Meco, Fátima Eusébio, Owen Rees e José Abreu.  
Todos os espectáculos e actividades deste evento serão de entrada livre e gratuita. Para mais informações visite o sítio oficial deste festival em http://festivalpolifonia.fcm.org.pt.

Requiem Aeternam do compositor Pedro do Porto, interpretado pelo famoso ensemble catalão
Hespèrion XXI, dirigido por Jordi Savall.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Inauguração do Centro de Estudos Pinharanda Gomes

Pinharanda Gomes durante a homenagem que lhe foi prestada aquando da
inauguração do centro de estudos com o seu nome, no concelho do Sabugal.  

Foi inaugurado no passado dia 9 de Junho o Centro de Estudos Pinharanda Gomes. Localizado no Concelho do Sabugal, este espaço acolhe a partir de agora a biblioteca e acervo pessoal de Jesué Pinharanda Gomes, último pensador vivo do célebre movimento da Filosofia Portuguesa.
Nascido a 1939 na freguesia de Quadrazais, no concelho do Sabugal, tornou-se um dos principais sistematizadores do pensamento filosófico português, sendo igualmente responsável pela recuperação, estudo e organização de obras do âmbito da historiografia e filosofia, menos divulgadas junto do grande público. Homem de um conhecimento vasto e sabedoria universal, mestre de indiscutível profundidade, Pinharanda Gomes não necessitou de qualquer título académico para destacar-se como um importante vulto da cultura portuguesa contemporânea. Tendo realizado sempre o seu percurso à margem da academia, apesar de nunca lhe negar os seus préstimos sempre que solicitado, foi ainda sócio fundador do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e membro correspondente eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e da Academia Portuguesa de História. Fiel às suas raízes matriciais, decide-se pela doação do seu espólio ao concelho de onde é natural, numa tentativa de enriquecer os vindouros filhos dessa terra, proporcionando-lhes o acesso à cultura que outrora ele ali não encontrara.
A criação deste centro de estudos reveste-se assim de uma dupla importância, possibilitando aos investigadores locais, nacionais e estrangeiros um acesso a alguns volumes raros, constituintes da sua biblioteca pessoal e respectivo acervo documental, permitindo também a descentralização cultural dos grandes centros urbanos, redistribuindo-se deste modo uma parte da nossa vasta herança cultural.
É apenas lamentável o desinteresse generalizado da comunicação social nacional, na cobertura desta inauguração e justa homenagem a Pinharanda Gomes. Infelizmente, em dias de desafios de futebol, outros interesses se levantam, ficando os valores relegados para segundo plano.           

Cobertura da Inauguração do Centro de Estudos Pinharanda Gomes,
feito pela Localvisão TV.

domingo, 10 de junho de 2012

Camões no Dia de Portugal!

Porque Camões é o Verbo!
Porque Camões é a Língua Portuguesa!
Porque Camões é o retrato da nossa Força, Audácia e Infinita Coragem!
Porque Camões é o Amor a Portugal!
Porque Camões é Amor!
Porque Camões é Paixão!
Porque Camões é Génio!
Porque Camões é Imortal como a sua Pátria!
Porque Camões é Sacrifício! 
Porque Camões é ainda a memória de Portugal, da sua Cultura, Tradição, das suas Gentes e do Génio Português!
Porque Camões foi Portugal personificado!
Por isso, só a ele coroamos de louros! A ele e nenhum outro!


Filme Camões de José Leitão de Barros (1946).

sábado, 9 de junho de 2012

Vestígios da Atlântida e o Anjo de Portugal

Este fim-de-semana a Casa do Fauno, em Sintra, apresenta uma proposta de duas interessantes conferências subordinadas a temáticas relacionadas com a tradição mítico-espiritual nacional. 
Hoje, dia 9 de Junho, Luiz Vilhena Sobral fará uma comunicação intitulada Vestígios da Atlântida na Costa Portuguesa?, abordando as recentes descobertas subaquáticas que poderão revelar a existência de uma antiga civilização. Amanhã, 10 de Junho, Dia de Portugal, da Raça e das Comunidades Portuguesas, será a vez do incontornável Manuel J. Gandra usar da palavra, apresentando uma interessante comunicação intitulada O Anjo Custódio de Portugal e os Símbolos Identitários Nacionais
As apresentações terão início pelas 15:00, sendo ambas de entrada livre.

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Amadeo de Souza-Cardoso e a Festa do Corpo de Deus

A tradição da Festa de Corpus Christi, ou do Corpo de Deus, remota ao século XII, quando o Papa Urbano IV a instituiu por Bula Papal. Celebrada 60 dias após a Páscoa, esta festividade móvel pode ocorrer entre 21 de Maio e 24 de Junho. Caracterizada pela crença cristã de que o Sangue e o Corpo de Cristo se encontram de facto presentes na Eucaristia, esta solenidade assume-se como um testemunho e veneração de um dos principais Sacramentos da Igreja Católica. 
Em Portugal os relatos sobre a celebração do Corpo de Deus remontam ao reinado de D. Afonso III, sendo porém no reinado de D. Dinis que a festa é por assim dizer oficializada. Como de costume em terras portuguesas, esta celebração cedo começou por assimilar um lado profano ao seu lado sagrado. Nas famosas procissões perfilavam representantes das várias profissões, com carros alegóricos, diabos, a serpe cornuda, a terrível coca ou dragão derrotado por S. Jorge, os gigantones, entre outros elementos. A música assume-se ainda hoje como um factor importante da celebração mais profana desta festa. Das gaitas-de-foles e tambores, aos sinos a repique, ou às famosas bandas filarmónicas, várias são as tradições que podemos encontrar de região em região.
Amadeo de Souza-Cardoso, célebre pintor modernista português natural de Amarante, imortalizou uma dessas procissões a que assistiu na sua terra natal, em Junho de 1913. Entre a estética cubista que acompanhava a sua expressão plástica durante aquele período, conseguimos aperceber-nos dos elementos caracterizadores da expressão mais visível e popular da festa do Corpo de Deus, ou seja, a Procissão Corpus Christi, que de resto dá nome ao próprio quadro do artista amarantino. Das figuras eclesiásticas com os seus paramentos, passando pela fanfarra, os fieis, a coca e o cavaleiro S. Jorge, aos próprios arcos da famosa ponte de Amarante que nos ajudam a localizar o espaço em que decorre a acção narrada no quadro, tudo perpetua o lado efémero da festa.
Uma vez mais, temos a tradição de mãos dadas com a modernidade, numa comunhão perene, cujos novos ciclos insistem em eternizar. Assim é Portugal e a sua tradição.

Procissão Corpus Christi, óleo sobre madeira pintado em 1913 por
Amadeo de Souza-Cardoso.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Foto-Síntese, uma exposição de João Marchante

«Inspirado na vida trivial e na percepção visual de uma evidência que está diante de nós, mas que muitas vezes passa despercebida, a série de imagens a cores de grandes dimensões habilmente encenada por João Marchante apresenta uma visão instável da paisagem humana expondo interiores, intimidades, sonhos e segredos, oscilando entre espaço familiar e espaço idealizado. A adolescente, incorporação da fragmentação e efemeridade das relações na contemporaneidade, transmite ansiedade, mutismo e distância sobre o sentido da imagem, sendo esta retratada de forma enigmática, contemplativa ou ausente deixando a identidade de quem a habita por desvendar. Marchante obtém imagens que pelo seu tema seduzem e enlaçam, incitando o observador a reflectir sobre a relação entre natureza interior e natureza exterior do sujeito através de imagens que olham e devolvem o olhar.»
Adriana Delgado Martins acerca da exposição Foto-Síntese.

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João Marchante é hoje um nome incontornável do vídeo e do panorama artístico português. Artista e autor crítico, concilia a criação com a actividade pedagógica, numa atitude altruísta e descomprometida com qualquer dogma para além do "bom gosto". Militante na blogosfera há já alguns anos, dirige um blogue de referência intitulado Eternas Saudades do Futuro, sendo ainda membro da comunidade Jovens do Restelo
Foto-Síntese é o nome da sua mais recente exposição individual, a primeira desde Vídeos Privados, patente em 2000 na Galeria Monumental, em Lisboa. Esta nova mostra de João Marchante será inaugurada hoje, pelas 21:00 na Sala do Veado do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, ficando patente ao público até 1 de Julho de 2012.
A não perder. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Prova da inutilidade do (des)acordo ortográfico

Continua a luta contra o (des)acordo ortográfico. Enquanto o Governo parece não querer desarmar, fazendo finca-pé, ouvidos moucos e olhos cegos face às evidências que transparece, ou seja, a asneira e a confusão generalizada, outras vozes vão-se erguendo, procurando salvar a Língua Portuguesa, resgatando-a dos seus carrascos e detractores.
Enquanto isso, volta a circular nos meandros da Internet uma curiosa análise comparativa entre as versões portuguesa e brasileira de uma conhecida obra de ficção. Os resultados são por demais ilustrativos do quão ridículo e inútil é o tão famigerado acordo ortográfico de 1990. As conclusões são inequívocas, as diferenças existem e foram alimentadas ao longo de quase 200 anos de separação linguística. Renegar esta realidade equivale a tapar o sol com uma peneira.   

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pensamento, Cultura e Lusofonia na FLUP

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) organiza este Verão, entre as suas acções de formação contínua, um curso de 30 horas subordinado ao tema Pensamento, Cultura e Lusofonia: os exemplos de Fernando Pessoa e de Agostinho da Silva. Trata-se de uma formação que surge num momento bastante oportuno, no qual urge redescobrir e projectar alguns aspectos da nossa cultura e identidade.
Fernando Pessoa e Agostinho da Silva são dois nomes incontornáveis da cultura nacional. Pessoa dispensa qualquer apresentação nos quatro cantos do mundo, sendo um ícone da literatura portuguesa e mundial do século XX. Agostinho da Silva, pensador universal, é provavelmente a personalidade de maior consenso dentro do mundo lusófono, começando agora a conquistar também outros públicos e horizontes. Não é por isso de modo algum despropositada a iniciativa da FLUP de organizar um curso sobre estas duas figuras cimeiras da cultura e pensamento portugueses.
Esta acção de formação encontra-se a cargo de Celeste Natário e Renato Epifânio, membros do grupo de investigação Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal, do Instituto de Filosofia da FLUP. Tendo uma duração de 30 horas, distribuídas por sessões teórico-práticas, com início já no próximo dia 18 de Junho, este curso prevê ainda a visita a alguns espaços marcantes na vida dos dois autores, nomeadamente à última residência de Fernando Pessoa, hoje Casa Fernando Pessoa (Lisboa), assim como à localidade Barca d’Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), onde Agostinho da Silva passou parte da sua infância, logo após ter nascido na cidade do Porto.
O programa deste curso encontra-se dividido em duas partes distintas. A primeira será dedicada a Fernando Pessoa, abordando temas como o seu pensamento poético e filosófico, a problemática heteronímica, as múltiplas “mensagens” da sua obra, bem como a actualidade do seu pensamento; a segunda, consagrada a Agostinho da Silva, versará sobre matérias ligadas à questão do activismo cultural e cívico, à sua experiência no Brasil, ao reencontro com a portugalidade e a problemática da lusofonia.
Com o seu término calendarizado para 16 de Julho, esta formação confere ainda um total de 3 ECTS (European Credit Transfer System) a todos os participantes que a concluam com aproveitamento positivo. Para mais informações e inscrições consulte-se https://sigarra.up.pt/flup/cursos_geral.FormView?P_CUR_SIGLA=FCPCL

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

D. Sebastião e o Quinto Império em Fernando Pessoa

«Reactivar o mito ou os mitos profundos do povo português, eis o objectivo de Fernando Pessoa, que na Mensagem se faz o profeta (mas um profeta angustiado, torturado e saudoso) do regresso de D. Sebastião e da instauração do Quinto Império, embora um D. Sebastião e um Quinto Império muito diferentes da tradição comum.»


D. Sebastião e o Quinto Império em Fernando Pessoa é o nome da comunicação apresentada no próximo dia 6 de Junho, por Paulo Borges, na nona sessão do ciclo de conferências Fernando Pessoa: Filosofia, Religião e Ciências do Psiquismo Humano. Organizado pelo próprio Paulo Borges, juntamente com Nuno Ribeiro e Cláudia Souza, esta sessão terá lugar, como de costume, pelas 18:30, nas instalações da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.
A entrada é livre e aberta a todos os interessados.