terça-feira, 30 de outubro de 2012

Lux-Citanea

«Os povos são como as árvores! Sem as suas raízes não crescem...»
Rodolfo Ferreira  no texto introdutório de Lux-Citanea,  

Capa do álbum Lux-Citanea de Azagatel,

Oriundos de Vale de Cambra, os Azagatel foram fundados em meados de 1995, tendo desde então conquistado um lugar de destaque no panorama musical alternativo nacional. Intitulado “Lux-Citanea”, o seu mais recente trabalho reflecte uma nova fase deste colectivo, cuja aproximação a questões culturais e histórico-identitárias se revela interessante conhecer.
O título deste disco remete-nos de imediato para o patamar mítico e histórico da pré-portugalidade, jogando com os vocábulos “lux”, de luz, e “citanea”, nome atribuído às principais povoações existentes durante a Idade do Ferro no actual território nacional, numa clara alusão à antiga Lusitânia. Reavivando a chama da arcana pátria dos nossos antepassados lusitanos, o conceptualismo deste álbum mostra-se particularmente pertinente numa época de crise e nevoeiro como a que vivemos, apontando o mito como elemento primordial para a orientação dos povos.
Marcado por temas inspirados em algumas das antigas divindades da Lusitânia, como “Endovellico”, “Nabia Corona” ou “Bandua”, este trabalho dos Azagatel recorda os actos de bravura protagonizados pelos lusitanos, na defesa das suas terras e da sua cultura, face à ameaça do invasor romano. “Viriathus”, a par de “Iberia”, representa porventura o tema de pendor mais heróico deste registo, onde parte da letra nasce da adaptação do poema “Viriato” de Fernando Pessoa. A mensagem gnosiológica de “Lux-Citanea” parece alinhar-se em temas como “Lucifer (The Bringer of Light)”, “The Oath of the Oak”, ou em “The Crown”, uma versão bastante conseguida dos suíços Samael.
Tendo conhecido diversas alterações na sua formação ao longo dos últimos anos, os Azagatel acabaram por conseguir conquistar alguma estabilidade em termos de colectivo, fixando nas suas fileiras Rodolfo Ferreira (voz), João Costa (baixo), Nelson Lomba (guitarra), Filipe Ferreira (guitarra) e Dannyel “Green Devil” (bateria), permitindo-lhes deste modo embarcar numa nova fase, tanto musical, como conceptual. Assim, assistimos em “Lux-Citanea” a uma simbiose entre o black metal e o folk, onde se integram algumas passagens acústicas, criadoras de uma atmosfera assaz envolvente, capaz de fundir a música com a mensagem identitária inerente ao conceptualismo deste trabalho. De modo a conseguirem este resultado, os Azagatel contaram ainda com as participações especiais de Ana Cristina Santos (acordeão) e de Carla Rosete (voz). A apresentação gráfica deste disco não poderia ser descurada, tendo ficado a cargo de Ricardo Fernandes, responsável por todo o artwork e layout.
Telúrico, combativo e abertamente identitário, este trabalho de Azagatel rejuvenesce as raízes geladas de um ethos cultural adormecido, mas longe de encontrar-se extinto. Disponível através da editora Nekrogoat Heresy Productions, ou da própria banda, este álbum evoca o amor à terra e a coragem dos nossos antepassados lusitanos, relembrando que neles e nos seus nobres e valorosos desígnios residia a semente de um Portugal que urge hoje defender e preservar.

Tema Endovellico retirado do álbum Lux-Citanea.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Colecção "Madredeus - 25 anos"

«Eu nem testemunha consigo ser, do ano do milagre em que nasceram os Madredeus. Ser testemunha foi o meu privilégio: estar ali, a ver e a ouvir, quando tudo aconteceu. Por muito que estimasse o génio de Pedro Ayres de Magalhães sempre o subestimei  Não compreendi que ele estava a mudar a música portuguesa para poder ser portuguesa para quem não era português. Foi esse o trabalho de Amália, sozinha. O Pedro e os Madredeus tornaram-no num trabalho colectivo.»
 Miguel Esteves Cardoso em Madredeus  (1987-1993) - Raízes

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Os Madredeus são provavelmente, a par de Amália Rodrigues, o caso de maior sucesso da música portuguesa dentro do panorama musical internacional. Com mais de 4 milhões de discos vendidos em todo o mundo, este colectivo de origens bastante heterogéneas soube desde o primeiro minuto captar a essência do "ser português", mergulhando fundo nas nossas raízes para a partir delas criar algo de absolutamente novo e único. Iniciada esta aventura em meados de 1987, os Madredeus comemoram este ano 25 anos de carreira, num percurso pleno de conquistas e sucessos. A sua música, intemporal e eterna percorreu o mundo de uma ponta a outra, passando inclusivamente por locais como Pyongyang, na Coreia do Norte, provando que a sua arte ultrapassa de facto barreiras intransponíveis, espalhando a Paz e o Amor através da sua indescritível beleza e sentimento. Por isto e muito mais, os Madredeus são hoje considerados como uns justos embaixadores de Portugal e da Cultura Portuguesa no mundo.
Para celebrar as bodas de prata desta verdadeira instituição da música portuguesa, o jornal Público distribuirá, a partir de amanhã, dia 30 de Outubro, uma colecção antológica composta por 9 volumes de CD + livro intitulada Madredeus - 25 anos. A periodicidade desta colecção será semanal, tendo um preço de 6,96€ por cada unidade. Amanhã, com a primeira entrega, será oferecido um pequeno livro sobre a banda intitulado A Viagem
Uma colecção a não perder!

Madredeus em apresentação ao vivo no início da carreira (1987).

domingo, 28 de outubro de 2012

(Des)acordo Ortográfico Vs. Tradução Técnica

Que o (des)acordo ortográfico é sinónimo de culturicídio por decreto já toda a gente sabe! Mas será que a maioria dos portugueses estará ocorrente dos perigos que esta medida acarreta para a própria saúde pública? Não! Não estamos apenas a falar da saúde mental dos Portugueses, prestes a terem colapsos nervosos cada vez que alguém maltrata a sua Língua-Mãe! Estamos a falar dos vários perigos a que estamos sujeitos quando alguém, a troco de obscuros interesses, decide inconscientemente brincar com a Língua Portuguesa, sobretudo quando se trata de questões ligadas à tradução técnica, nomeadamente, dos casos dos manuais de equipamento médico.
A tradutora Paula Blank convida-nos, através de um artigo publicado na edição de hoje do Público, a conhecer melhor esta surreal realidade com que somos presentemente confrontados!

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sábado, 27 de outubro de 2012

Linhas de Wellington: Liberdade, Igualdade, Calamidade!

«O genuíno ódio de todos os religiosos aos ateus e regicidas franceses, profanadores de templos e ladrões do seu património, pôde explodir com rara violência. (...) Pela primeira vez os "gloriosos conquistadores da Europa" fugiam. E fugiam diante de uns milhares de paisanos, com paus e piques e a rara espingarda raramente nas mãos de vocações naturais, como a do dominicano José de Jesus Maria, o "frade branco", que depressa se celebrizou pela sua infalível pontaria e a impressionante quantidade de soldados inimigos de que piedosamente aliviou a pátria martirizada.»    

Soldados portugueses após mais uma vitória contra os invasores franceses.

As Invasões Francesas, ocorridas em território nacional entre 1807 e 1811, marcaram de forma indelével o duro despertar de Portugal para a contemporaneidade. Para além da guerra ideológica travada entre a velha Europa e os jacobinos revolucionários, este conflito internacional opôs belicosamente forças portuguesas e britânicas aos exércitos franceses e espanhóis, tornando-se a manutenção da soberania do Reino de Portugal e do seu Império, naquele contexto, mais uma prova da vontade, coragem e tenacidade das lusas gentes.
Disposto a imortalizar esta fatídica página da História de Portugal e da Europa, o realizador do aclamado Mistérios de Lisboa – filme inspirado na obra homónima de Camilo Castelo Branco – o chileno Raúl Ruiz, encontrava-se já a trabalhar na pré-produção de Linhas de Wellington quando veio a falecer. Felizmente, o projecto foi retomado pela sua mulher e assistente, Valeria Sarmiento, que o abraçou num acto de homenagem ao trabalho e dedicação do seu marido à sétima arte.
Rodado em várias regiões de Portugal, Linhas de Wellington é, acima de tudo, um épico à escala humana. A tragédia resultante desse negro período da nossa História aparece pela primeira vez retratada em filme de um modo cru e integral, despida de falsos moralismos, ou perspectivas politicamente correctas. A acção abrange os vários estratos sociais, mostrando antes de qualquer posicionamento político-ideológico, o catastrófico pesadelo enfrentado por todos os portugueses, obrigados a sobreviver, combatendo o tirânico inimigo da civilização ocidental, lado a lado com uma força aliada que, muitas vezes, mais tinha de hostil do que de correligionária.
O filme revela-se excelente de ambas as perspectivas, historiográfica e cinematográfica. Contudo, verificam-se facilmente alguns erros ou imprecisões que poderiam ter sido evitados nesta produção, nomeadamente: os inúmeros planos onde constatamos o predomínio do eucalipto nas matas portuguesas; a captação de pinos de protecção automóvel em algumas esquinas dos centros históricos onde decorreram as filmagens; a caracterização de John Malkovitch no papel do General Wellington, por ventura demasiado carregada, aparentando que o comandante inglês seria, por ocasião da sua passagem por Portugal, cerca de vinte anos mais velho do que de facto era.
Com um elenco de luxo, Linhas de Wellington representa um excelente exemplo de um drama histórico, assumindo-se como mais uma prova cabal de que a História e Cultura portuguesas são, indiscutivelmente, um repositório infindável no que concerne a episódios passíveis de serem transpostos para o grande ecrã sob a forma de épicos cinematográficos. Estreado nas salas portuguesas no passado dia 4 de Outubro, este filme é altamente recomendado!


Trailer do filme Linhas de Wellington.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O futuro da Língua Portuguesa

Na edição de ontem d'O Diabo podemos encontrar nas páginas centrais um interessante de artigo de Duarte Branquinho dedicado ao futuro da Língua Portuguesa. Abordando o destaque dado à nossa Língua-Mãe pela conceituada revista Monocle, este texto de reflexão aborda ainda a inutilidade do (des)acordo ortográfico, denunciando as mentiras e os argumentos falaciosos dos que o defendem. 
Tratando-se de um texto fundamental, pertinente para a síntese deste problema atendendo às últimas notícias relativas a esta polémica, resolvemos partilhá-lo neste espaço, convidando os nossos leitores a fazerem o mesmo noutras plataformas digitais ou nas redes sociais. A nossa Língua e a nossa Cultura agradecem!  

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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dois anos de Nova Casa Portuguesa

A nossa aventura blogosférica começou há precisamente dois anos atrás!
Ultrapassadas as 68000 visitas, continuamos firmemente a nossa missão. A todos os que nos têm seguido e apoiado, o nosso muito obrigado. Esta é a vossa casa!

Ilustração da autoria de Raul Lino retirada do livro 
A Nossa Casa
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Finis Mundi n.º 5

Depois de um longo período de espera, em virtude do encerramento da anterior editora, a revista Finis Mundi está agora de regresso com mais número. Sendo agora editada pelo Instituto de Altos Estudos em Geopolítica & Ciências Auxiliares (IAEG), a filosofia desta publicação mantém-se inalterável, prosseguindo com a mesma política editorial e a mesma periodicidade. 
Apresentado no passado Sábado, destacam-se neste número as colaborações de Alberto Buela, António Marques Bessa, Brandão Ferreira, Alain de Benoist, Eduardo Amarante, Pedro Jacob Morais, entre outros.
A Finis Mundi poderá ser adquirida através da Amazon, ou do seu próprio sítio de Internet, em http://revistafinismundi.blogspot.pt, devendo contactar-se o serviço de vendas e assinaturas pelo seguinte endereço de correio electrónico: revistafinismundi@gmail.com. O preço de capa é de 12€ e compreende já as despesas de envio.  

Capa do 5.º número da revista Finis Mundi, destacando
o filósofo argentino Alberto Buela.

Lista de conteúdos e colaboradores

GEOPOLÍTICA & RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
A Política Externa da China 
- António Marques Bessa 
África: Problemas e Desafios de um Continente 
- Mafalda Lobo 
A Geocultura e o inconsciente “global” mediático 
- Sónia Pedro Sebastião

ACTUALIDADE 
O Delírio do Federalismo Europeu 
- Renato Epifânio 
Americanofobia 
- Joaquim Reis 
Da Necessária Regeneração de Portugal 
- Rui Martins
Mário Soares ou o paradoxo de uma ilusão de óptica na política nacional 
- Frederico Duarte Carvalho 
Portugal Precisa de Forças Armadas? 
- Brandão Ferreira 

PENSAMENTO
Teoria da Dissidência 
- Alberto Buela 
Tortura e Terrorismo 
- Pedro Jacob Morais 

HISTÓRIA 
Antigas Tradições da Lusitânia 
- Eduardo Amarante 
Gramsci de Camisa Negra 
- João Martins 
O Mito do Tarrafal 
- Vítor Martins

CULTURA 
Jünger e o Passo da Floresta 
- João Franco 
Mehr Licht 
- Júlio Mendes Rodrigo 

RESENHA 
Brain Damage 
- Rui Baptista 
Florbela 
- Anamarija Marinovic 
EntreMuralhas 2012 
- Henrique Pereira

ANÁLISE 
Jean-Claude Michea: O Socialismo Contra a Esquerda 
- Alain de Benoist 
O Complexo Industrial-Militar no século XXI: a reestruturação produtiva pela via da biotecnologia 
- Douglas Rundvalt & Edu Silvestre de Albuquerque 
Crónica de Damasco 
- Manuel Ochsenreiter 

ENTREVISTA 
Entrevista sobre a”escrita feminina” com Lídia Jorge 
- Fábio Mário da Silva 
Entrevista a Vernon Coleman 
- Wayne Sturgeon

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jogo do Pau na Quinta da Regaleira

«A origem do Jogo do Pau remonta ao manejo de armas medievais, aparecendo já referenciado por D. Duarte I no seu livro Ensinança de Bem Cavalgar a Toda a Sela. Neste, os nomes usados para designar as técnicas de ataque bem como as suas trajectórias, correspondem aos nomes que nos chegaram pela prática do Jogo do Pau até aos nossos dias. Os combates de Jogo do Pau nas feiras e romarias estiveram presentes na tradição popular desde os finais do século XIX, princípios do século XX, sobretudo na região minhota e chegando a envolver aldeias inteiras. Em certos casos o jogo foi um meio justiceiro eficaz par debelar revoluções populares como a “Maria da Fonte” ou para combate de forças inimigas, como nas invasões Napoleónicas, onde um grupo de lutadores de pau enfrentou e causou pesadas baixas ao exército francês, opondo corajosamente às balas e baionetas, o varapau e o peito aberto.»
Excerto do texto de apresentação do Colóquio de Esgrima
Lusitana da Quinta da Regaleira

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Sendo actualmente mais conhecido por Esgrima Lusitana, o Jogo do Pau é uma arte marcial que, para além da sua característica de defesa pessoal, se apresenta também como uma modalidade de desporto de competição. A sua recuperação é hoje uma mais valia para o património histórico, etnográfico, folclórico e desportivo português. Outrora integrante do quotidiano nacional de Norte a Sul do país, esta modalidade conhece hoje entre nós um forte crescimento, fazendo inclusivamente parte do programas nacionais de Educação Física dos Ensinos Básico e Secundário.
Nos próximos dias 27 e 28 de Outubro irá realizar-se um encontro nacional deste desporto na Quinta da Regaleira, em Sintra, com oficinas práticas e um colóquio teórico, onde esta modalidade será estudada e elevada culturalmente.
Para inscrições ou mais informações contactar a Fundação CulturSintra através do endereço de correio electrónico regaleira@mail.telepac.pt, ou do telefone 219106650.

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lançamento do 5.º número da revista Finis Mundi

No próximo dia 6 de Outubro, pelas 16:00, terá lugar na Sala Almirante Reis do Hotel ibis Lisboa Saldanha, a apresentação da Finis Mundi n.º5. Acompanhada por uma conferência do Professor e filósofo argentino Alberto Buela, que dissertará sobre a Teoria da Dissidência, este encontro será moderado por Duarte Branquinho, director do semanário nacional O Diabo
A organização deste evento é da responsabilidade do Instituto de Altos Estudos em Geopolítica & Ciências Auxiliares (IAEG), os novos editores da revista Finis Mundi após o fim da Antagonista Editora.
Este evento é livre e aberto a todos os interessados.

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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Colóquio internacional sobre Fernando Pessoa terá transmissão online

O colóquio internacional Fernando Pessoa en Barcelona, dos próximos dias 8 e 9 de Outubro, será transmitido em directo através do serviço Ustream. Todos os interessados em assistir às comunicações que compõe os vários painéis deste encontro e que não tiverem oportunidade de deslocar-se a Barcelona, poderão desta forma acompanhar as sessões de trabalho!


O canal de Ustream Pessoa BCN en directo transmitirá online todas as sessões
do colóquio Fernando Pessoa en Barcelona.