terça-feira, 28 de abril de 2015

2000 edições d'O Diabo!

Fundado em 1976 pela carismática Vera Lagoa, o semanário O Diabo chegou esta Terça-Feira à sua edição 2000. Um número não só redondo como impressionante, sobretudo se tivermos em conta a presente época que vivemos, bastante complicada para a sobrevivência de todo o tipo de jornais, bem como pela natureza independente deste periódico, absolutamente livre de qualquer pressão de natureza política ou económica. 
Numa época de democracia, O Diabo revela-se um dos últimos bastiões da liberdade de imprensa em Portugal tendo-se tornado, ao longo dos seus quase 40 anos de existência, no principal órgão de desintoxicação cultural, discussão e combate político entre as hostes nacionalistas e patriotas. Perante este cenário resta-nos apenas felicitar O Diabo por esta belíssima marca, pedindo-lhe: venham mais 2000! 

Primeira página da edição n.º 2000 do semanário O Diabo.

domingo, 26 de abril de 2015

A natureza política do primeiro modernismo português no centenário da revista Orpheu

Ao longo do corrente ano celebram-se inúmeros centenários associados a momentos altos da História de Portugal e da cultura portuguesa. Dos incontornáveis 600 anos da Conquista de Ceuta, marcando o início da Expansão Portuguesa, passando pelas efemérides ligadas ao primeiro centenário da morte de Sampaio Bruno, ou os 100 anos da publicação de obras marcantes e definidoras da cultura portuguesa, tais como Arte de Ser Português de Teixeira de Pascoaes e O Valor da Raça de António Sardinha, motivos não têm faltado para a realização de inúmeras publicações, encontro e debates.
Neste contexto, 2015 marca também a passagem dos primeiros 100 anos desde a publicação do primeiro número da revista modernista Orpheu, onde pontificaram os nomes de Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Luís de Montalvor, Ruy Coelho, António Ferro, entre outros. Um marco deveras importante para a cultura portuguesa do século XX, ao nível da arte, do pensamento, da intervenção político-social e da estética. 
A propósito de Orpheu, no passado dia 21 de Abril, na sua crónica habitual no semanário SOL, Jaime Nogueira Pinto destacou a «restauração dos sinais e valores da Memória e da Tradição e a recusa do optimismo e do progressismo» por parte da geração de Pessoa, Almada, Sá-Carneiro e seus companheiros do projecto Orpheu, lembrando que o nosso primeiro modernismo era de inspiração reaccionária, integrando-se num «nacionalismo activista e simbolista, expresso ou subentendido na forma e na inspiração da poesia e da crítica». Alertando-nos para as «lentes deformadoras do ressentimento ideológico», bem como para a falta de seriedade de grande parte dos investigadores actuais que procuram esconder a raiz político-ideológica dos nossos primeiros modernistas, Jaime Nogueira Pinto traçou um percurso bastante interessante da geração de Orpheu. Vale a pena ler.

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sábado, 25 de abril de 2015

O sonho e o grito no contexto da decadência democrata

Amorim de Carvalho escreveu, após o 25 de Abril de 1974, uma obra emblemática intitulada O Fim Histórico de Portugal. Para este pensador português, o final do Estado Novo e consequente queda do Império Português desencadeou uma série de acontecimentos que levariam à tão famigerada "morte de Portugal", ansiada por todos os falsos portugueses. Porém, esta morte jamais se verificou, pois a força vital da Pátria é sempre luminosa e em tudo superior face às antagonistas forças de dissolução.
A III República, imposta a Portugal e aos Portugueses pela mesma canalha do 5 de Outubro de 1910, foi logo na sua génese um nado-morto, um cadáver adiado que, ano após ano, demonstra ser incapaz de procriar. O plano para enterrar Portugal e o Império falhou no seu primeiro objectivo, contudo, os danos causados pelo sucesso do segundo tornaram-se, para muitos, um prelúdio do fim. Contudo, alguns portugueses não se rendem e, desde aquela negra madrugada de Abril, muitos foram os que continuaram, ou retomaram, a luta e o sonho de reerguer de Portugal, devolvendo-lhe todo o seu esplendor. 
Esse sonho é aquele mesmo grito sentido e cantado por Rodrigo Emílio, num dos seus muitos poemas de combate:

Abril, Abril foi o mês...
À hora mais desabrida...
(- Que silêncio que se fez, 
desde então, na minha vida!...)

Mas o silêncio, suponho, 
foi a razão por que vim
com este sonho: este sonho,
aos gritos dentro de mim!

O fim dos cravos colhidos será,
inevitavelmente, o mesmo da democracia.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Guerra Junqueiro - Fragmentos de Unidade Polifónica

«Diz-se que a glória de um morto está ao abrigo de reveses. É possível que assim seja. Mas os mortos calam-se e não se explicam senão a Deus. Apenas os poetas, diz-se, transpõem as fronteiras do tempo, continuando eternos e falantes na obra que lhes sobrevive.»
Henrique Manuel Pereira em
Guerra Junqueiro - Fragmentos de Unidade Polifónica

(Clicar na imagem para ampliar.)

Recentemente evocado no Ciclo de Tertúlias Bruninas, Guerra Junqueiro foi, em inícios do século passado, celebrado como o "Poeta da Pátria", tendo hoje, inexplicavelmente, caído num certo esquecimento por parte dos portugueses. Nesse sentido, Henrique Manuel Pereira tem vindo a trabalhar com bastante afinco e proficuidade na recuperação desta figura maior da cultura portuguesa e europeia de finais do século XIX e inícios do século XX.
Depois de ter realizado um excelente documentário a propósito deste poeta e de ter trabalhado a dimensão musical da sua obra, Henrique Manuel Pereira publica agora a obra Guerra Junqueiro - Fragmentos de Unidade Polifónica. Editada pela Cosmorama, em parceria com a Universidade Católica do Porto, esta obra será apresentada por António Cândido Franco, no próximo dia 24 de Abril, pelas 19:00, no Auditório Carvalho Guerra da Universidade Católica do Porto. 
A entrada é livre e aberta a toda a comunidade. 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Manoel de Oliveira - In Memoriam (1908-2015)

«Quando comecei a fazer cinema não conhecia ninguém das tertúlias literárias. [Mais tarde] o Casais Monteiro, o Leonardo Coimbra, o José Marinho, o Álvaro Ribeiro, o Delfim Santos e outros (...) foram eles que me foram dando indicações sobre livros importantes.»
Manoel de Oliveira em entrevista ao Expresso,
edição de 16 de Outubro de 1993.

Manoel de Oliveira (1908-2015).

Poucas pessoas terão tido a oportunidade de desfrutar a vida de forma tão plena, fértil e intensa como Manoel de Oliveira. O Mestre que hoje partiu deixou, no mundo dos homens, muito mais do que um mero legado. Personalidade de dimensão homérica, incontornável no contexto cultural mundial, deixou uma marca profunda na História do Cinema Português e mundial.
Nascido na cidade do Porto a 11 de Dezembro de 1908, moldou o mundo à sua maneira por mais de um século. Jamais se deixando impressionar pelos ventos da decadência democrática, fez impor a sua vontade sobre os cânones da cartilha pós-moderna, mantendo-se sempre livre quanto às suas ideias e criatividade. Portugal perdeu não só um dos seus maiores, como também um daqueles portugueses que souberam, ao longo de toda uma vida materializada numa extensa obra, permanecer sempre livres, mantendo-se orientados de forma vertical, de acordo com as suas ideias, os seus valores e génio. Um génio tão marcadamente português.
Muitas vezes celebrado e evocado pela Nova Casa Portuguesa, Manoel de Oliveira permanecerá, eternamente, como uma nossas mais ilustres referências. Até sempre, Mestre. 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Açores, Atlântico Norte

A indescritível beleza do Arquipélago dos Açores tem-se tornado cada vez mais contagiante aos olhos dos estrangeiros que, pouco a pouco, o começam a descobrir. Hoje, estas ilhas portuguesas integram as listas e roteiros dos locais mais misteriosos e mágicos do mundo. 
Markus Haist, realizador e músico alemão, visitou os Açores em inícios de 2013 tendo realizado um belíssimo vídeo no qual captou as suas impressões relativas a essas nossas belas ilhas atlânticas que muitos acreditam ser os cumes do que resta da Atlântida, o lendário continente perdido.


Vídeo de Markus Haist.