sábado, 25 de abril de 2015

O sonho e o grito no contexto da decadência democrata

Amorim de Carvalho escreveu, após o 25 de Abril de 1974, uma obra emblemática intitulada O Fim Histórico de Portugal. Para este pensador português, o final do Estado Novo e consequente queda do Império Português desencadeou uma série de acontecimentos que levariam à tão famigerada "morte de Portugal", ansiada por todos os falsos portugueses. Porém, esta morte jamais se verificou, pois a força vital da Pátria é sempre luminosa e em tudo superior face às antagonistas forças de dissolução.
A III República, imposta a Portugal e aos Portugueses pela mesma canalha do 5 de Outubro de 1910, foi logo na sua génese um nado-morto, um cadáver adiado que, ano após ano, demonstra ser incapaz de procriar. O plano para enterrar Portugal e o Império falhou no seu primeiro objectivo, contudo, os danos causados pelo sucesso do segundo tornaram-se, para muitos, um prelúdio do fim. Contudo, alguns portugueses não se rendem e, desde aquela negra madrugada de Abril, muitos foram os que continuaram, ou retomaram, a luta e o sonho de reerguer de Portugal, devolvendo-lhe todo o seu esplendor. 
Esse sonho é aquele mesmo grito sentido e cantado por Rodrigo Emílio, num dos seus muitos poemas de combate:

Abril, Abril foi o mês...
À hora mais desabrida...
(- Que silêncio que se fez, 
desde então, na minha vida!...)

Mas o silêncio, suponho, 
foi a razão por que vim
com este sonho: este sonho,
aos gritos dentro de mim!

O fim dos cravos colhidos será,
inevitavelmente, o mesmo da democracia.

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